terça-feira, 22 de julho de 2008

Papo de botequim



Costumo reunir meus amigos em algum boteco, de preferência, na Vila Madalena. Não tem muito motivo para nos encontrarmos, não precisa ter futebol, uma prestação de socorro em crises existenciais ou uma tarde de sol que casa bem com um chopp gelado. Na verdade, basta termos um tempo que vamos para algum bar jogar conversa fora.

Impressionante como minhas amigas são a grande maioria nessas reuniões, o quorum masculino tem sido escasso e, ás vezes, até nulo. Prova de que este tal papo de boteco não é mais coisa de homem, mas também de muitas mulheres (falo de MULHERES, não de meninas, que fique bem claro!). Não sei se eles andam cansados ou envergonhados com nosso papo de botequim!!!

Em pauta tem muita coisa, aquela futilidade que só mocinhas entendem: a bolsa que trouxe de uma viagem, o sapato bárbaro que garimpou em alguma loja, uma ponta de estoque nova, uma liquidação imperdível ou um filme sobre nosso universo como Sex and the City. Entretanto, nada é mais discutido do que este misterioso mundo masculino – costumamos dizer que homens deveriam vir com um manual de instrução e um ícone ajuda em casos extremos!

Ultimamente, minhas amigas têm utilizado o papo de boteco como uma ferramenta para desanuviar as idéias, falar mal de um qualquer que nos aborrece e tirar sarro daquela decepção que acabou de sofrer, afinal nosso lema é perder o namorado, mas a piada, NUNCA!

Dia desses uma amiga disse que terminou com o cara porque ele não sabia o que queria, não tomava uma atitude e ela queria ser feliz com um HOMEM e não um MOLEQUE. Há duas semanas uma outra fez a mesma coisa porque o cara não saia da barra da sai da mãe e ela havia chegado no limite. Há alguns meses a outra largou tudo e foi embora para outro país e uma outra não entendia porque ele ligava, marcava, mas não aparecia!

Eu não sei bem o que anda acontecendo com as pessoas, mas o número de términos têm sido tão freqüente e crescente, que já estou encarando o fato como”modismo”. Não sei bem se as pessoas cansaram de compartilhar, se andam querendo ficar sozinhas e ter seu próprio tempo, se deixaram de amar ou acreditar no amor, ou se isso são coisas dos astros como dizem os astrólogos. O que sei é que o bicho tá pegando para todos os lados e sexos.

Todo esse papo encoraja a chopada, que lota a mesa de copos e engorda a conta. O bom é que a grande quantidade de cerveja gelada acirram nossas línguas ferinas. O papo de botequim vira uma série de piadas com muita risada, sempre com uma fofoca de uma “vaca” que se engraçou com um ex-rolo, um comentário daquela “louca” que (bem feito) ganhou alguns quilinhos, ou um comentário do ex-lindo que acabou virando um babaca careca e pançudo. Tem espaço até para lembranças de desastres sexuais e comparações entre as atuações que, não tem como, são inusitadas e hilárias.

Acho que é por isso que esta botecada nunca deixa de ser freqüentada. É ali que nos despimos de pudores, esquecemos de olhar possíveis alvos, não nos policiamos com gestos ou palavras, não observamos nossos trajes e nem lamentamos a falta do sexo masculino. É ali que encontramos um tempo só nosso, livre de medos, livre de segredos, livre de vocês: Homens (mesmo quando vocês, a priore, viram o assunto de alguma conversa ou, até mesmo, participam dela)!!!
É ali que somos nós, e apenas nós, que comandamos, que conduzimos, que mediamos!


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