segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mulher Durona x Sexo frágil


Sou adepta, em parte, de que a mulher de hoje não é só cobrada, mas também gosta de fazer o tipo durona, mesmo que isso comprometa sua saúde mental. Acredito que nós mesmas nos cobramos em ser aquela mulher que lava (manda lavar), passa (manda a empregada passar), fica linda (as custas de salão no único horário livre), fica magra (porque vive seguindo uma dieta de fome), é amante (porque todo mundo gosta de sexo), é mulher com M maiúsculo (que impõe seu ponto de vista porque, do contrário, o fulano monta em cima), é profissional (porque além de ter competência, tem de provar, diariamente, que não deixa nada a desejar se comparada ao sexo masculino), é mãe (porque tem que verificar a lição de casa e ir na reunião dos filhos), é motorista (pois leva, pega, traz, todos os indivíduos e serviços que sua demanda exige). Essa correria e exigência que nós mesmas nos cobramos, tem um "quê" de charme ao fim do dia quando escutamos um elogio, tem uma pinta bacana quando o chefe reconhece as habilidades, tem uma natureza instigante quando nosso companheiro ou pais nos admiram com orgulho, mas a que preço?
Porque além de fazer tudo isso, ainda temos de encontrar um equilíbrio, saber parar e descer do trem antes que ele descarrile. Temos que dar uma parada para lembrar-nos de que, por trás de toda essa linha dura, existe uma alma feminina, ao estilo antigo. Temos de pedir ao moço da vez para abrir uma lata porque não conseguimos, para trocar o pneu porque não levamos jeito para a coisa, para fazer a declaração do imposto porque odiamos números ou, até, para ele ler o mapa porque não temos nenhuma bússola (mesmo que todas essas alternativas sejam enganosas).
Queríamos direitos iguais e conseguimos.
Queremos ir pra cama com alguém, então vamos a luta. O preservativo eu mesma carrego na bolsa.
Queremos ir viajar sozinha pelo mundo, então sumimos na estrada. A carona eu mesma peço.
Queremos filhos para a nossa vida, então arranjamos um esperma. Da educação, eu mesma cuido.
Me pergunto se somos mesmo e ainda o sexo frágil, porque nos cobramos tanto, que moldamos um modelo difícil de carregar e o pior, manter. Ás vezes me pego pedindo - intimamente - um break, mas toda esta pinta de mulher durona que caprichei para desempenhar realmente colou, todo mundo acreditou e, agora, não dá mais tempo pra voltar atrás e explicar que "as coisas não são bem assim". Todo este estilo independente, bem-resolvido e do tipo que prefere ignorar o passado funcionou e, agora, fica complicado de explicar que a resposta pra tudo isso é medo.
Sei de todas essas verdades porque tenho amigas, enxergo esta realidade dia-a-dia porque faço parte deste nicho, mas, no fim, acaba tudo voltando a este modo, ao modo durona, porque a verdade, de verdade, é que ninguém mais tem forças para dar a cara a tapa e mostrar que de durona fica só o "molde", a "face". Somos todas sexo frágeis, endurecidas pelas agruras da vida e fechadas demais para voltar atrás e recobrar aquela fragilidade adocicada de sexo frágil que nos dá a esperança por um sentido ou uma pessoa durante e por toda a vida..."

Um comentário:

Unknown disse...

Não volta mais, mas nos insere na fase do amadurecimento de uma bela mulher. Creio que passamos por fases. Eu, hoje, nos meus 30 anos, uma legítima balzaquiana, estou nessa fase, de assumir todas as responsabilidades e encobrir a fragilidade mesmo nos momentos que a vontade é demonstrar toda a minha vulnerabilidade e falar "EU PRECISO DE SUA AJUDA". Considero uma fase linda, dura, às vezes, mas que nos molda para o que de melhor a vida há de nos oferecer!