terça-feira, 30 de junho de 2009

Jogo


Não acredito em disputa de poder.
Essa coisa de ela pode mais, ele pode menos e vice-versa, me irrita.
Ele ficou com outra? Eu vou lá e também fico com alguém.
Ele deu perdido? Eu não sossego enquanto não der o troco.
Ele me ignorou? Eu procuro uma forma de irritá-lo.

Este jogo de disque-me-dique-me, me cansa.
É energia desperdiçada pra nada.
É arquitetar um plano que não serve pra nada.
É prolongar uma situação que não me leva a nada.

Essa coisa de relacionamento já é complicada por si só.
Encarar o sentimento e dizer em voz alta o que rola de verdade, é um exercício de auto-conhecimento.
Perceber que aquela pessoa deixou de ser apenas mais um, leva tempo.
Decidir se está disposta a apostar as fichas em apenas um alguém, é arriscar alto.
Investir em uma relação a dois e se dispor a engolir sapos, leva paciência, ânimo e fé.

Só que tudo isso não basta.
A gente aprende que é preciso respirar fundo e esquecer os meandros do caminho.
A gente aprende que temos de ter olhar de águia para enxergar que apesar de todas as outras, ainda somos especiais.
A gente aprende que aquele não, no fundo significava um sim.
A gente aprende que a ausência também pode ser um temor velado.
A gente aprende muita coisa nesta disputa de poder.

Testamos e chegamos ao limite!
Instigamos se há tesão, se há emoção, se há vibração, se há prorrogação.

Arriscamos e encaramos os fatos!
Vasculhamos até onde aquele alguém pode ir, até onde este alguém consegue chegar e colocamos nosso orgulho próprio em risco.

Só que, ainda assim, tudo isso não basta.
Não basta porque, muitas vezes, continuamos a ser testados, continuamos a ser machucados, continuamos a ser usados.
Em meio a todos estes percalços, acabamos nos rendendo.
Acabamos nos entregando e estendendo a bandeira branca.
Acabamos dando um basta a este jogo de poderes e estendemos a toalha.
Dizemos a nós mesmos que a partida chegou ao fim, que o limite já foi ultrapassado e que meu jogador está cansado.
Simplesmente, saímos de campo e aposentamos a chuteira.

Invariavelmente, neste jogo de disque-me-disque-me, sempre acaba sobrando apenas um jogador.
Aquele que ainda não testou todos os pontos, que não sugou todas as fragilidades, que não extinguiu todas as energias e nem usou todas as armas.
Este jogador fica no campo, esperando que o “adversário” recupere a força e retorne para mais uma partida.

Ironicamente, o campeonato se encerra, o campo fica vazio e aquele jogador incansável vai em busca deste “adversário”.
Ele procura e encontra.
Encontra um alguém cansado só que mais armado.
Aquele alguém que media poderes, já não se interessa mais.
Ele se transformou, se afastou, mudou e o antigo jogo não faz mais parte de seus afazeres.

O que aconteceu?
Simplesmente ele foi-se embora, ele cansou, ele se entregou, ele partiu para outra copa.
Uma copa de disque-me-disque-me, onde pode encontrar diversos times, com bancos enormes de reservas, porque, assim, não precisa mais ser constantemente testado por um mesmo adversário.

A gente aprende que é melhor um recheio de opções, do que a energia desperdiçada com uma só.
A gente aprende que ter uma invariável lista de times, mantém nossos corações fortes.
A gente aprende que a escalação de diversos jogadores nos força a ficar em pé.
Porque assim, não precisamos chegar ao nosso limite, não precisamos medir poderes, não ficamos preocupados com o troco.

Cada partida é única.
Cada manobra significa apenas mais uma.
Cada gol dura o tempo necessário.
E não há expectativa, exaustão, dedicação ou preocupação.
Porque esses jogos são assim, vapt-vupt. Sem segundo tempo, prorrogação ou semi-final.
Ele apenas vão e vem.
Sem testes, limites ou sentimentos.

E, por incrível que pareça, percebemos que tudo isso, um dia, nos basta.
Porque estamos cansados, porque já fomos testados, porque já fomos usados, porque já fomos machucados!

Um comentário:

cRIS disse...

Ouvi uma amiga minha dizendo essa frase :
Se um dia vc parar de sonhar e acreditar no Amor ,viver não faz sentido.
De , nunca deixe morrer a vontade de Viver , de Curtir , chorar quando necessário , enfim : SEJA SIMPLESMENTE VC.
BJ ,
CRIS