terça-feira, 4 de novembro de 2008

Dor




Existem dores e DORES.
Aquelas que nos faz nos contorcer de dor por conta de algo indevido que acontece no corpo são do tipo que eu prefiro ter.
Falo das que necessitam de morfina, de remédio, de anestesia, de médico. Dores dessa natureza me deixam mais aliviada, mesmo com o sofrimento muscular que podem vir a me causar. Isso, porque tenho como tratá-las, posso contar com a ajuda de um medicamento e me internar até ficar sã e salva. Tenho a possibilidade de arrumar muletas e licença-médica. Tenho um prazo para me recuperar.
Aquelas DORES, com letra maiúscula, que parecem intermináveis, eu procuro evitar, mas mesmo sem querer e, por enquanto, ainda me coloco em situações de risco. Essas dores são daquelas que não podem ser tratadas com remédios, não existem médicos preparados para essa patologia e o prazo de recuperação é indeterminado. O fato causador é possível de enxergar, mas as consequências são inimagináveis. É impossível apontar o local do corpo que dói, porque tudo parece um amontoado de cicatrizes abertas e sensíveis. Quando nos damos conta, a impressão que se tem é que todos os poros sangram. Detectar esse tipo de dor, ás vezes, é difícil a olho nu, mas se você parar para observar, atentamente, vai poder ver sinais de dores dessa natureza. São sinais vindos do olhar vago, das palavras amargas, do coração trancado, da alma fechada, da ausência de crença. Neste caso, acho que existe uma reabilitação, mas nunca uma recuperação completa. O fato é que você nunca sai a mesma depois de ter sentido esse tipo de dor.
Dizem que se existe a dor, é porque temos de senti-la. Se existe dor é porque há algum propósito.
Afinal, levar pancadas e não ter nenhuma dor é sinônimo de que alguma coisa não vai bem dentro de seu corpo. É a forma que o ser humano tem de dizer que alguma coisa errada está acontecendo com sua saúde.
Penso que a dor de alma tem o mesmo princípio. Se você leva rasteiras da vida e fica inerte, é porque falta um pouco de humanidade naquele espírito. Reagir a esses tropeços, é a forma que o ser humano tem de provar que é, de fato, gente.
Sei que a dor existe, em todos os níveis e alcances e concordo que elas existem por algum motivo. O que desconfio é que poucos, hoje, são gente o suficiente, pelo simples fato de não cansarem de provocar esse tipo de machucado, de natureza insuportável...e consequências irremediáveis
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