Quando se está solteira aos 20 anos, tudo parece lindo. É uma vida inteira pela frente. Temos o mundo para conhecer. Todos os gatos da faculdade para azarar e os quatro cantos da terra para desvendar.
Quando se chega aos 25 anos, começamos a nos apaixonar, a vislumbrar a possibilidade de assumir um namoro e, quem sabe, um dia, casar. Tudo depois de se estabilizar profissionalmente, amorosamente e financeiramente. E todos esses quesitos estarão se equilibrando lá pela fase balzaquiada.
Quando se chega aos 30 anos, já saboreamos a primeira paixão, sofremos pela décima decepção, insistimos na perfeição. Aguardamos e ainda lutamos por uma estabilidade em todos os quesitos. Acreditamos em nós mesmas e sentimos falta do desapego e daquela moça com 20 anos, que ainda imaginava um companheiro bem-resolvido. Nessa fase, estamos escaldadas, baleadas e maduras para enxergar sem ser por trás de névoas. Vemos os erros, os acertos e não nos contentamos com pouco. Queremos qualidade, mimo, trato, educação, respeito e consideração. É nesta fase que percebemos que nossa lista de exigências aumentou e a lista de aptidões dos candidatos reduziu drasticamente. É neste momento que estabelecemos regras, padrões e legislações destinadas à guerra. Um conjunto de regras fixado entre amigos com pensamentos similares e que vivem a mesma fase. Em vez de nos estabelecermos financeiramente para dividirmos uma vida com alguém, optamos por compartilhá-la com os guerreiros amados. Voltamos a imaginar que há uma vida inteira pela frente, que temos o mundo para conhecer, muitos gatos para azarar e os quatro cantos da terra ainda estão lá para desvendar. Desta vez com algumas boas vantagens: temos mais dinheiro, temos mais independência, temos mais maturidade, temos mais segurança. Sabemos o que queremos, como e onde queremos. Estamos cientes da posição que gostamos e sem hora para voltar para casa.
Quando se está nos 30 anos, percebemos que quando a guerra recomeça, não há planos de retorno, não há planos de vida a dois, não há espaço para um novo amor, porque descobrimos que o amor por nós mesmas já se basta!